Mea Culpa
Antônio Carlos Dayrell
Vivíamos o clima positivo da virada do ano e a República comemorava a posse da primeira mulher na presidência, e já éramos surpreendidos com a triste estatística, do número de mortes, em acidentes, nas rodovias federais e estaduais, causados pela chuva remansosa.
Era apenas o prenúncio de uma tragédia anunciada, que escolheu o alvorecer dos primeiros dias de 2011, como palco do maior desastre natural do País. A destruição provocada pelas chuvas de verão atingiu a infra-estrutura de várias cidades da região serrana do Rio de Janeiro, matando mais de 700 pessoas, inúmeros feridos, e deixando 21 mil desabrigados.
A Nação ainda se convalesce na UTI, e no mundo da bola, o futebol anuncia novas contratações, para delírio de alguns torcedores fanáticos. Ao mesmo tempo, a festa da moda desfila para um público seleto, apresentando as novas tendências para a temporada. Esta dualidade, que separa, de um lado, tragédias, e de outro, espetáculos, pode nos tornar menos sensíveis e indiferentes.
Enganam-se aqueles que pensam friamente, para não se envolver, que melhor é esquecer as marcas do passado e seguir em frente. Estes se esquecem que muita gente, depois de perder tudo na vida, somente encontram apoio e esperança na solidariedade humana.
Será que podemos nos permitir entrincheirar em nossas casas e escolher viver apenas o lado bom das coisas, enquanto miséria e tragédias estão à nossa volta? Será que teremos que esperar que as soluções sempre venham homologadas pelo poder constituído? Ou será que a solidariedade é um sentimento que aprendemos a compartilhar apenas em situações de risco?
Fato é que não podemos outorgar a ninguém nossa capacidade de agir, rir e chorar… Tudo aquilo que fazemos ou deixamos de fazer, repercute, de alguma forma, no mundo.
Onde estávamos, quando assistimos complacentes à destruição dos ecossistemas, a ocupação irregular e desordenada das margens dos rios e nas encostas das montanhas? Ou quando encontramos lixo amontoado nos bueiros ou bocas de lobo, impedindo o escoamento das águas da chuva?
Você vai me responder que sempre foi assim: quando chegou, a floresta já havia sido derrubada, as margens dos rios e as encostas já estavam habitadas, e que o lixo jogado na rua, não era seu. E você, o que fez para reverter a situação?
Antônio Carlos Dayrell
Vivíamos o clima positivo da virada do ano e a República comemorava a posse da primeira mulher na presidência, e já éramos surpreendidos com a triste estatística, do número de mortes, em acidentes, nas rodovias federais e estaduais, causados pela chuva remansosa.
Era apenas o prenúncio de uma tragédia anunciada, que escolheu o alvorecer dos primeiros dias de 2011, como palco do maior desastre natural do País. A destruição provocada pelas chuvas de verão atingiu a infra-estrutura de várias cidades da região serrana do Rio de Janeiro, matando mais de 700 pessoas, inúmeros feridos, e deixando 21 mil desabrigados.
A Nação ainda se convalesce na UTI, e no mundo da bola, o futebol anuncia novas contratações, para delírio de alguns torcedores fanáticos. Ao mesmo tempo, a festa da moda desfila para um público seleto, apresentando as novas tendências para a temporada. Esta dualidade, que separa, de um lado, tragédias, e de outro, espetáculos, pode nos tornar menos sensíveis e indiferentes.
Enganam-se aqueles que pensam friamente, para não se envolver, que melhor é esquecer as marcas do passado e seguir em frente. Estes se esquecem que muita gente, depois de perder tudo na vida, somente encontram apoio e esperança na solidariedade humana.
Será que podemos nos permitir entrincheirar em nossas casas e escolher viver apenas o lado bom das coisas, enquanto miséria e tragédias estão à nossa volta? Será que teremos que esperar que as soluções sempre venham homologadas pelo poder constituído? Ou será que a solidariedade é um sentimento que aprendemos a compartilhar apenas em situações de risco?
Fato é que não podemos outorgar a ninguém nossa capacidade de agir, rir e chorar… Tudo aquilo que fazemos ou deixamos de fazer, repercute, de alguma forma, no mundo.
Onde estávamos, quando assistimos complacentes à destruição dos ecossistemas, a ocupação irregular e desordenada das margens dos rios e nas encostas das montanhas? Ou quando encontramos lixo amontoado nos bueiros ou bocas de lobo, impedindo o escoamento das águas da chuva?
Você vai me responder que sempre foi assim: quando chegou, a floresta já havia sido derrubada, as margens dos rios e as encostas já estavam habitadas, e que o lixo jogado na rua, não era seu. E você, o que fez para reverter a situação?
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